quinta-feira, 28 de abril de 2011

ENCONTRO PARA COORDENADORES DIOCESANOS DE CATEQUESE


A Comissão do Regional Nordeste 2 de Catequese estará realizando no dia 30 de junho do corrente ano  um encontro para Coordenadores Diocesanos de Catequese,  na cidade de Pesqueira-PE. O tema a ser trabalhando no encontro será o RICA / CATECUMENATO,  tendo como assessor o Pe. Luiz Baronto.


Local: Seminário São José - Pesqueira
End: Rua Comendador José Didier, s/n Centro
CEP 55.200-000 - Pesqueira PE
Fone: (87) 3835-3199
Início: jantar dia 30/06 (quinta-feira)
Término: Almoço dia 03/07 (domingo)

  Vamos participar!!!

SUBSÍDIOS PARA O MÊS DA BÍBLIA


Em 2011, o texto proposto para ser aprofundado no estudo bíblico é o livro do Êxodo nos seus capítulos de 15 a 18. Estamos oferecendo alguns textos motivadores, a publicação do subsídio com os círculos bíblicos, logo mais estará à venda pelas Edições CNBB.

 Pensando no planejamento para 2011
O mês da Bíblia dentro da Pastoral de Conjunto

Queremos nossas comunidades animadas num trabalho bem planejado. Sabemos que a Bíblia, além de ser “o livro da catequese por excelência”, é também fonte de inspiração para o trabalho da Igreja em todas as áreas. Há bastante tempo nos acostumamos com o mês da Bíblia, em setembro. É importante ter uma atividade assim, aprofundando a cada ano algo da mensagem bíblica. Muitos frutos preciosos vêm sendo colhidos, ao longo do tempo, com esse trabalho que nos dá oportunidade de mergulhar no texto bíblico e fazer crescer tanto o amor à Palavra de Deus como um conhecimento mais atualizado de sua interpretação.

A Bíblia não é só livro de estudo, é fonte de oração, de questionamento, de amadurecimento do povo de Deus, de transformação de vida. Quando uma comunidade realmente alimenta sua intimidade com a Bíblia, mudanças muito significativas acontecem, não só na catequese e na vivência da oração e da liturgia, mas em todos os aspectos da vida cristã. Por isso é importante que essa atividade não fique separada das outras, que se ligue ao que a Igreja faz, em todas as suas áreas e que se relacione com o que será refletido em outros projetos durante o ano. Pastoral de conjunto não é apenas uma técnica a ser considerada no planejamento, é um jeito de ser Igreja que de fato nos ajuda a ser visível comunidade de irmãos e discípulos.

Tema e lema para 2011

Em 2011, o texto proposto para ser aprofundado no estudo bíblico é o livro do Êxodo nos seus capítulos de 15 a 18. Ali encontramos episódios muito significativos da caminhada do povo pelo deserto:

- Cântico de Moisés e Miriam (lembrando a necessidade de celebrar o que vivemos)

- água amarga que se torna doce, um lugar com doze fontes (Ex 15) e água que brota do rochedo (Ex 17)

- reclamações do povo diante das dificuldades encontradas no deserto

- alimento fornecido por Deus (codornizes e maná) para ser consumido com responsabilidade, sem acumulação

- destaque para o sábado como dia de pausa nas atividades (não se colhe maná nesse dia)

- uma batalha em que a vitória acontece porque Moisés, que anima o povo, tem suas mãos sustentadas por Aarão e Hur (Ex 17)

- Jetro ensinando Moisés a partilhar a liderança, formando equipes (Ex 18)

Além disso, a caminhada pelo deserto, no seu conjunto, é um símbolo potente da construção da identidade do povo, que se vai moldando ao regulamento da Aliança.

Considerando esse panorama, foram escolhidos o tema e o lema do nosso próximo mês da Bíblia:

Tema: Travessia: passo a passo o caminho se faz

Lema: Aproximai-vos do Senhor (Ex 16,9)

O tema do mês da Bíblia dentro da reflexão sobre iniciação à vida cristã

Se estamos querendo de fato uma Pastoral de Conjunto, não podemos tratar o mês da Bíblia como algo isolado. No momento, estamos refletindo muito, em todas as áreas da Igreja, sobre a necessidade de uma boa iniciação à vida cristã , nesse nosso novo tempo caracterizado como “mudança de época”. Então, é dentro desse panorama que vamos inserir o mês da Bíblia.

Iniciação tem a ver com formação de uma identidade, vivida como experiência transformadora de compromisso com um projeto de Deus que atinge por inteiro a vida da pessoa. A caminhada do povo de Deus pelo deserto tem função bem semelhante: é um caminho, que se faz passo a passo (como se vê no enunciado do tema do mês da Bíblia) , na direção da formação de um povo com consciência da importância da missão que lhe foi dada por Deus. As leis que vão orientar o povo são dadas nesse caminho e vão formar uma identidade religiosa capaz de enfrentar muitos desafios; até as dificuldades que o povo encontra nesse processo podem servir como ponto de reflexão sobre a caminhada de quem quiser hoje se tornar cristão, discípulo verdadeiro de Jesus.

Travessia – outra palavra que aparece no tema – significa passagem de uma situação a outra, algo que se relaciona muito bem com a tão falada “mudança de época” , contemplada em nossa reflexão sobre iniciação á vida cristã.

O mês da Bíblia e a Campanha da Fraternidade de 2011

Nossa Campanha da Fraternidade de 2011 vai alertar sobre aquecimento global e uso predatório dos recursos do planeta. O texto do mês da Bíblia mostra o povo no deserto, precisando do essencial (não do supérfluo). Esse essencial está bem representado na necessidade de água e de comida. Uma água amarga se torna potável e parece que nós hoje estamos fazendo o contrário, tornando a água imprópria para consumo. O maná é o alimento essencial suficiente. Pode ser visto como símbolo dos recursos naturais que Deus nos deu no planeta para a sustentação da vida. Mas não pode ser desperdiçado nem acumulado. Não seria isso uma boa continuação da reflexão feita na Campanha da Fraternidade? O povo no deserto caminha com a promessa de uma terra onde mana leite e mel ( um lugar bom para se viver). E nós, para onde caminhamos se não aprendermos a cuidar bem do planeta?

Vida em comunidade e Pastoral de Conjunto

O próprio método de desenvolvimento do mês da Bíblia deve refletir nosso desejo de ser comunidade em unidade, propiciando a participação de grupos variados , a partir de um bom processo de planejamento. Mas, mesmo dentro do tema, temos oportunidade de refletir sobre a importância do trabalho conjunto. O povo ganha uma batalha porque seu líder – Moisés – além de estar intimamente ligado a sua gente, é sustentado por dois companheiros. Depois Jetro vai ensinar a Moisés como é bom dividir tarefas para envolver mais gente e não sobrecarregar ninguém. Que tal partir daí para incentivar ainda mais o planejamento participativo que leva à Pastoral de Conjunto? É bom lembrar também que nossos bispos, na sua 49ª Assembléia Geral, produzirão novas Diretrizes Gerais para a nossa ação pastoral. O mês da Bíblia vai ser desenvolvido dentro do clima global dessas orientações.

Resumindo: o caminho se faz com um passo ligado aos outros

Contamos com vocês, catequistas e todos os outros agentes de pastoral, para dar ao trabalho proposto para 2011 uma unidade que nos faça perceber um caminho coerente de crescimento na fé, na oração, no conhecimento da Bíblia, no diálogo com os que podem construir conosco um mundo melhor, na ação em favor do nosso povo, na partilha de talentos, no relacionamento comunitário. O mês da Bíblia é um tijolo valioso dentro dessa construção.

A Cartilha da Caminhada

Pensando no mês da Bíblia de 2011
Tema: A Cartilha da Caminhada
(Êxodo 15-18)

 


Nossa realidade nesse campo

A Bíblia é mais reverenciada do que conhecida. Houve muito progresso na leitura porque os nossos melhores biblistas de fato fizeram opção preferencial pelo povo. Mas ainda há muito desconhecimento da evolução da mensagem, da interpretação de acordo com o gênero literário e o contexto. De vez em quando deparamos de novo com aqueles velhos problemas que já deviam estar resolvidos. E, como hoje há mais liberdade para questionamentos, o catequista precisa estar mais seguro e atualizado.

O mês da Bíblia dentro da nossa Pastoral

Esse trabalho é

 Parte da pastoral de conjunto: a Bíblia é livro de todos

 Ligado ao que se faz durante o ano: CF, missão, catequese, organização paroquial...

 Um caminho de formação continuada

 Uma oportunidade para criar grupos bíblicos

 Um instrumento para valorizar o conjunto da Bíblia

 Um convite à oração a partir dos textos

A compreensão da Revelação na história

Nosso livro sagrado é especialmente “encarnado”, não veio do céu ditado por anjos. É fruto da percepção da ação de Deus na história. Ele vai sendo gerado por tradição oral e responde às necessidades de cada fase da caminhada do povo. Com isso, ele nos convida sempre a descobrir também o que Deus está nos comunicando agora, na história de cada um e da sociedade.

O Êxodo na tradição do Antigo Testamento

É um livro com um destaque muito especial. Ele trata do fato fundante mais básico da história de Israel. Se todos se consideram “filhos de Abraão” , as regras da vida judaica e a própria construção da identidade desse povo se alicerçam em Moisés. O próprio Deus se identifica a partir dos fatos narrados no Êxodo: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou do Egito, da casa da escravidão.” (Ex 20,1) E assim esse será lembrado, tanto em outros textos bíblicos, como nos momentos de aflição que o povo judeu viveu na sua longa história de perseguições e martírio.
No modo judaico de entender a história, todos os judeus, de todas as épocas, são chamados a se sentir presentes na libertação, na caminhada pelo deserto, na Aliança feita no Sinai.
Duas idéias são básicas e entrelaçadas no Êxodo: libertação e direito a uma terra. Ambas têm a ver com identidade. Ambas são interdependentes: de que serviria uma libertação sem o direito a um lar? E como esse lar seria diferente da escravidão se não se desenvolvessem aí valores de solidariedade, justiça e fraternidade?
Se quiséssemos comparar com o Novo Testamento diríamos que lá também temos duas idéias de efeito semelhante: redenção feita por Jesus (libertação do mal que pode nos seduzir e nos afastar de Deus e do irmão) e proposta de construção do Reino (uma “terra prometida” mais ampla, universal, definitiva).

A transmissão da mensagem gerando identidade e coesão no povo

A catequese judaica é – até hoje- narrativa. No Êxodo isso fica bem explícito: “E quando teu filho, amanhã, te perguntar: que significa isso? Tu lhe dirás: com mão poderosa o Senhor nos tirou do Egito, da casa da escravidão.” Ex 13,14
Na parte final do livro do Êxodo temos todas as recomendações para o culto, templo etc (coisas que evidentemente não poderiam ser feitas no “deserto” e configuram uma projeção do presente no passado). É de um modo muito bonito de dizer algo que os judeus repetem até hoje: a libertação liderada por Moisés não deve ser vista como um fato do passado. Todo judeu deve se considerar participante de tudo o que está descrito no Êxodo.
A tradição judaica diz que estavam lá até as almas dos que não haviam nascido.
Hoje, quando fazemos leitura orante, somos convidados a embarcar nesse tipo de viagem, a estar lá onde as coisas aconteceram. Isso é um instrumento poderoso na construção da identidade humana e religiosa.

A estrutura da narrativa do Êxodo

Podemos perceber 6 grandes blocos dentro do livro:


Evidentemente algumas partes desse texto não se relacionam de fato ao que podia acontecer no deserto mas projetam aí o que ia acontecendo depois do exílio com a reconstrução do templo. São fruto de uma tradição posterior, apresentada como algo alicerçado na história e na autoridade de Moisés. Tudo isso, porém, tem uma grande unidade porque se trata daquilo que constitui o fundamento da identidade do povo.

A parte que vamos estudar neste mês da Bíblia

Vamos tratar do segundo bloco, do capítulo 15 ao 18. É um período intermediário entre a libertação e o recebimento da Lei. É interessante chamar isso de “A Cartilha da Caminhada”´, um título que evoca nossa caminhada de hoje, a preparação para o discipulado mas também para a própria vida numa comunidade religiosa. O texto nos mostra algumas dificuldades, crises, dúvidas, mas também soluções que caberiam bem no nosso trabalho pastoral de hoje. É nessa ótica que vamos examinar o que o mês da Bíblia nos propõe.

Capítulo 15: precisam de água

Começa com um canto de louvor ao Deus “guerreiro”, ainda dentro do espírito do bloco anterior. É interessante observar que neste poema se pergunta “Quem entre os deuses é como tu? – algo que tem a ver com a gradual descoberta da identidade do Deus único, que se completará mais tarde.

Celebrada a vitória, agora os caminhantes têm que enfrentar as conseqüências da liberdade. Falta água no deserto. E agora? A água que conseguem encontrar é amarga. Na Bíblia a água aparece tanto como fonte de vida como de morte ( e até hoje não é assim?). Em qualquer conquista importante, de vez em quando vamos perceber que falta “abastecimento” ou que está a nosso dispor uma “água” que não é saudável. O povo resmunga nessa hora. E quem de nós já não viu algo parecido?

Moisés não resmunga, vai ao dono de todas as fontes. Deus lhe indica um jeito de tornar a água sadia. O texto relaciona essa água purificada com os mandamentos e leis do Senhor (que ainda não tinham sido solenemente entregues). Deus se apresenta como caminho saudável: Eu sou o Senhor que te cura. Não é uma cura milagrosa, no sentido sensacionalista, é a cura que vem de organizar a vida de acordo com os preceitos de Deus, que só quer o nosso bem e sabe o que é melhor para nós.

O capítulo termina com uma linguagem simbólica bem típica da Bíblia: chegam a um lugar com 12 fontes de água(número do povo, vida para todos) e 70 (sinal de plenitude no resultado da “água”) palmeiras.

Em nossa caminhada de hoje, poderíamos refletir:

 Que “águas amargas” de vez em quando aparecem? Como lidamos com isso?

 Em nossa catequese as leis de Deus aparecem como caminho de cura ou como testes de um juiz que pode nos ameaçar?

 Se quisermos fazer uma ligação com a CF: como andam as águas do planeta? O que fazer para que a terra seja esse lugar com “12 fontes e 70 palmeiras”?

Capítulo 16: as codornizes e o maná

De novo o povo reclama: “Quem dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor no Egito junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Por que nos trouxeste a este deserto? Para matar de fome toda essa gente?” A maioria, ontem e hoje, quer conquistas fáceis e “confortáveis”, que não custem sacrifícios. Alguns talvez até prefiram opressão com acomodação, como o povo que vive querendo “favores” dos nossos parlamentares em vez de lutar por direitos. E lá se vai Moisés conversar com o Senhor. Deus manda as codornizes à noite e o maná no dia seguinte. É um sinal do que Deus fez e faz com a humanidade: Ele nos dá o que o ser humano precisa e muitas vezes nem sabe reconhecer.

Os estudiosos têm explicações menos “milagrosas” para as codornizes e o maná: as aves estariam em processo normal de migração, cansadas como seria normal e o maná seria algo natural produzido na região mas desconhecido para aquele povo. Isso não diminui, mas até enriquece a mensagem: Deus nos sustenta com aquilo que Ele mesmo já providenciou no processo “normal” da criação ( ou seja: teremos que agradecer pelo pão do nosso café matinal como o povo deveria fazer pelo “milagre’ do maná). Mas é preciso saber usar o que Deus nos dá.

Aí o texto vem com duas lições importantíssimas:

a) o recurso da natureza (representado no maná) é para ser usado , não abusado; é suficiente mas não deve ser alvo de ganância acumulativa; quem quer tomar demais para si vai ter um produto apodrecido. No uso dos bens que Deus nos dá temos que saber partilhar em fraternidade. A vida certamente será melhor e mais segura se todos tiverem o suficiente e ninguém quiser ser o “dono” do supérfluo.

b) Para guardar o sábado é lícito colher o dobro na sexta feira. Destaca-se o respeito ao sábado ( do qual até a natureza= maná faz parte) e indica-se a exceção por motivo justo. Isso nos faz até lembrar a fala de Jesus dizendo que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.

Essa parte do texto foi bem trabalhada no texto base da CF 2011, aplicando-se aos recursos do planeta o que está simbolizado no uso do maná. Mas esse símbolo não serve só para a questão ecológica, diz respeito a todos os exageros egoístas que podem estragar a vida. Deus nos quer como uma grande família, onde todos cuidam de todos e ninguém busca acumular o que não precisa. A partilha e a necessidade de todos devem estar acima de qualquer acumulação egoísta. A questão do sábado também tem a ver, não somente com um tipo de adoração que um Deus exigente poderia desejar, mas com o bem de cada ser humano que precisa de ritmos significativos em sua vida. Nem só de “produção” vamos viver: precisamos de pausas, interiorização, enriquecimento interior. O sábado, nesse sentido, é mais um dom do que uma obrigação ( e que tal aplicar isso ao nosso domingo e nossa missa?)

Então caberia refletir:

 Como educamos para o uso fraterno e responsável do planeta?

 Percebemos (e ajudamos a perceber) as leis de Deus como algo que nos indica um modo melhor de viver?

 Vamos planejar a CF e o mês da Bíblia dentro de um trabalho orgânico, percebendo o fio condutor que une a reflexão?

Capítulo 17, 1-7: Olha a água de novo!

Falta água outra vez e o povo pergunta de novo: Por que nos fizeste sair do Egito? Em nossa caminhada também nãp é só uma vez que vamos sentir falta de algo essencial.

Falta confiança em Deus e reconhecimento da importância da caminhada que vai concretizar a libertação. Muita gente prefere acomodação, mesmo com horizontes bem estreitos, já sabemos.

Deus vai repetir o fornecimento de água, que dessa vez virá de um rochedo no monte Horeb (outro nome para o Sinai, o monte dos mandamentos) no qual Moisés vai bater com a mesma vara com que tinha feito prodígios no rio do Egito. O povo deve reafirmar a sua fé e sentir que Deus está com ele.

Reflexões para hoje:

 O que os Moisés de hoje deveriam fazer para que o povo se sinta acompanhado por Deus?

 Quais são as “sedes” que precisam ser aplacadas hoje com testemunho de amor e fraternidade?

Capítulo 17, 8-16: Sustentamo-nos uns aos outros?

No meio do caminho (como costuma acontecer na vida de todos) há uma batalha, há uma vitória que precisa ser conquistada. Os amalecitas atacam o povo. Josué fica no comando dos lutadores e Moisés, sinal da ligação com Deus, fica no alto da montanha de mãos erguidas. As mãos levantadas de Moisés levavam o povo á vitória mas quando ele se cansava o povo começava a perder a luta. Então Aarão e Hur, um de cada lado, sustentavam as mãos do líder e contribuíram desse jeito para a vitória.

Moisés apoiava o povo, Hur e Aarão apoiavam Moisés. Nossa vida, nossa pastoral, nossa família, nosso trabalho, nosso ecumenismo, nossa luta pela cidadania são batalhas assim, em que um precisa sustentar, apoiar o outro. Não dá para fazer grandes conquistas sozinho. Triste é a paróquia em que cada líder está sozinho, desligado dos companheiros! Pior ainda é quando, por ciúme, um se alegra com o fracasso do outro!

Reflexões para hoje

 A pastoral de conjunto, de que tanto necessitamos, exige uma espiritualidade que cultive o apoio mútuo. Estamos sabendo fazer isso?

 Quem já sustentamos em momentos difíceis?

 Como líderes, sabemos pedir socorro aos companheiros?

Capítulo 18, 1-12: Uma família se reagrupa

Jetro chega com sua filha Séfora e os dois filhos de Moisés (Gerson e Eliezer): a família se reúne, quer participar do que está acontecendo. A caminhada do povo é também a caminhada conjunta das famílias, que vão formar comunidade, que vão se ajudar mutuamente. Jetro era estrangeiro, sacerdote madianita, mas era sogro de Moisés e, como tal, faz parte da história do povo. Há partilha de notícias, Moisés conta a Jetro o que aconteceu na caminhada. O reencontro é celebrado com uma refeição comunitária, “na presença de Deus”.

Reflexões para hoje

 Como estamos contribuindo para a união das famílias?

 Como aceitamos em nosso meio a presença dos “estranhos, diferentes” que poderiam caminhar conosco?

Capítulo 18, 13- 27: distribuindo tarefas com equipes subsidiárias

Moisés estava tendo um comportamento centralizador, atendendo sozinho todos os problemas do povo, de manhã até a tarde. Jetro lhe diz que isso não está certo, que isso acabará esgotando Moisés e sendo ruim para o povo (por muito que Moisés seja visto como grande líder, íntimo de Deus, com uma história respeitável...). Sugere divisão de responsabilidades: homens de valor dentro do povo ficarão responsáveis como chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. E para Moisés ficarão só as questões mais graves, que exigirem uma autoridade maior. Moisés aceitou a orientação e assim foi feito. Depois Jetro voltou para sua terra.

Nem é preciso dizer o quanto, como Igreja, estamos necessitados desse exemplo. Uma pastoral de conjunto se faz com tarefas divididas mas não isoladas. Organização não é o mesmo que centralização. Se nem Moisés devia ser um “faz tudo” , o que dizer de nossas lideranças: Dar oportunidade a outros é, além disso, um caminho inteligente para descobrir talentos escondidos e alimentar a solidariedade fraterna. Os destinos do povo devem ser decididos por todo o povo porque o Espírito de Deus repousa sobre todo o povo e não apenas sobre alguns (Cf Nm 11, 24-30).

Reflexões para hoje

 Como anda a divisão de tarefas em nossas comunidades?

 Na hora de fazer um planejamento participativo, como as pessoas se comportam?

 Moisés recebeu bons conselhos de alguém de fora. Sabemos aproveitar talentos que estão além do nosso grupo?

Refletindo sobre esses aspectos, podemos fazer do mês da Bíblia uma oportunidade importante para crescer tanto no amor à Bíblia como na espiritualidade que nos faz ser comunidades fraternas e solidárias. Estamos também numa caminhada rumo a um outro tipo de terra prometida, um mundo melhor guiado pelos valores do Reino. Juntos estaremos mais seguros, mais felizes e mais capazes de realizar nossa missão.

Setor de Ensino Religioso da CNBB inaugura Biblioteca Virtual


De 2008 até os dias atuais, o Setor de Ensino Religioso da CNBB tem se preocupado em revisar e recuperar todo o acervo correspondente as ações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por mais de três décadas, sobre o Ensino Religioso no Brasil.

Após esses três anos de pesquisa, encabeçada pela assessora do Setor Ensino Religioso, professora Anísia de Paulo Figueiredo, em conjunto com o bispo referencial do Setor, dom Eurico dos Santos Veloso, arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG), que a CNBB inaugura a Biblioteca Virtual. Nela (Biblioteca Virtual) está todo o itinerário percorrido durante 30 anos do Ensino Religioso no Brasil, com foco na recuperação, revisão, elaboração e divulgação de documentos inéditos. Outros destaques da Biblioteca ficam por conta dos oito projetos e respectivos programas do Setor, contidos em dois Planos de Pastoral do Secretariado Geral: o 19º - 2008; o 20º, em 2009 – 2011.

Além da assessora do Setor e do bispo referencial, outras pessoas trabalharam na construção do acervo: o arcebispo do Rio de Janeiro e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura, Educação e Comunicação Social da CNBB, dom Orani João Tempesta; a Comissão de Trabalho de Bispos sobre o Ensino Religioso da CNBB; o Grupo de Assessoria e Pesquisa sobre o Ensino Religioso; Consultores “AD DOC” para assuntos específicos do momento e o Grupos de Apoio Técnico.

domingo, 24 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

PÁSCOA - Festa da Ressurreição de Jesus


Ressuscitemos com Cristo
Padre José Assis Pereira

   Apesar da situação de pecado e morte que existe no mundo, hoje a Igreja unida a seu Senhor proclama feliz o grande mistério da volta de Jesus à vida. Deixemo-nos inundar pela graça deste fato que nos enche de esperança segura e eficaz com a fé cristã que recebemos em nosso Batismo. A Ressurreição de Jesus é a celebração cume e centro de todo o Ano Litúrgico que se renova a cada Domingo, páscoa semanal.



O mistério da Ressurreição de Cristo é um acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas, como atesta o Novo Testamento, é, ainda que de nenhuma maneira possa ser constatado pela ciência de maneira direta, pois é um fato totalmente inédito e transcendente que está para além do espaço e do tempo; caminho aberto para a eternidade que unicamente se conquista pela fé e com a luz da ciência humana sujeita a esta fé transcendente e misteriosa. A ressurreição de Lázaro foi milagre, ele retomou à vida terrestre, mas a ressurreição de Cristo é mistério.

“A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante de nossa fé em Cristo, crida e vivida como verdade central da primeira comunidade cristã, transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida pelos documentos do Novo Testamento, pregada, juntamente com a Cruz, como parte essencial do Mistério Pascal. Cristo ressuscitou dos mortos. Por sua morte venceu a morte. Aos mortos deu a vida.” (Catecismo da Igreja Católica (CaIC) n. 638)

“Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!” (Lc 24, 5-6) “No quadro dos acontecimentos da Páscoa, o primeiro elemento com que se depara é o sepulcro vazio. Ele não constitui em si uma prova direta. A ausência do corpo de Cristo no túmulo poderia explicar-se de outra forma. Apesar disso, o sepulcro vazio constitui para todos um sinal essencial. Sua descoberta pelos discípulos foi o primeiro passo para o reconhecimento do próprio fato da Ressurreição.” (CaIC n. 640)

Os cristãos durante muito tempo tiveram dificuldades com a palavra “ressurreição”, aplicada ao Senhor, falaram da sua ida ao Pai, da vitória sobre a morte, da nova vida. É que Jesus não morre como o que se vai e ressuscita com o que regressa. Ressuscitar não é dar um passo atrás, mas um salto adiante. Não regressa à vida, mas entra na verdadeira Vida. O significado da ressurreição corporal de Jesus para judeus cristãos do primeiro século comporta três negações: “Por ‘ressurreição’ eles não queriam dizer simplesmente ressuscitação corporal, falavam de ressurreição após ou no terceiro dia, insistiam que ele estivera real e verdadeiramente morto. Por ressurreição eles não queriam dizer simplesmente aparição pós-morte: primeiro, visões ou aparições de entes queridos mortos, especialmente daqueles que morreram súbita, trágica ou brutalmente, são parte normal da experiência humana; segundo, estados alterados de consciência, tais como sonhos e visões são algo comum à nossa humanidade, algo programado em nossos cérebros, algo tão normal quanto a própria linguagem. Eram reconhecidas como possibilidades comuns no começo do primeiro século e ainda são e se as julga objetivas, subjetivas ou interativas é outra questão; terceiro, portanto, mesmo que ninguém tivesse mencionado isso no Novo Testamento, teria sido extraordinário se não tivessem havido aparições de Jesus a alguns de seus companheiros após a morte. Mas, e é isto que quero dizer, aparições de Jesus não constituem ressurreição. Elas constituem aparições, nem mais nem menos. Por ressurreição eles não queriam dizer exaltação corpórea. Ficava bem na tradição judaica que uma pessoa muito santa pudesse ser alçada aos céus por Deus, pudesse escapar da morte, apodrecimento e xeol, mesmo antes que qualquer pessoa falasse de ressurreição corporal ou imortalidade espiritual. Semelhante, quando Elias e Eliseu caminhavam e conversavam perto do Jordão, um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho (2Rs 2,11). Isso é exaltação, assunção, ascensão ou apoteose, mas não é ressurreição. Por ressurreição eles queriam dizer a ressurreição corpórea geral. Dentro da cultura judaica do primeiro século, falar da ressurreição de Jesus afirmava que a ressurreição geral já havia começado... como “primícias dos que morreram” (1Cor 15,20), como o início de uma ressurreição como colheita e, claro, dessa metáfora não se esperaria um atraso prolongado, mas sim um processo rápido e contínuo até se completar a colheita... Primeiro, da ressurreição de Jesus à ressurreição geral: “Ora se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos?” (15,12) Segundo, e ainda mais enfatizado, da ressurreição geral para a ressurreição de Jesus: “Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou.” (15,13) De novo: “Se os mortos não ressuscitam, estaríamos testemunhando contra Deus que ele ressuscitou Cristo enquanto, de fato, ele não o teria ressuscitado.” (15,15) E de novo: “Se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou.” (15,16) Naturalmente, é claro, diante de sua compreensão judaica e farisaica da ressurreição corporal, não existe possibilidade de que Jesus fosse “erguido” como um privilégio especial e pessoal (algo como nepotismo ou “filhotismo” divino).” (Nogueira, 2009.) Cristo ressuscitou dentre os mortos e é o primeiro de todos os que pela fé haveremos de ressuscitar com ele. É a verdade nuclear do cristianismo, como fundamento, conteúdo e raiz de nossa fé: “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento também é a vossa fé.” (1Cor 15,14)

“A Ressurreição de Cristo constitui antes de mais nada a confirmação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou. Todas as verdades, mesmo as mais inacessíveis ao espírito humano, encontram sua justificação se, ao ressuscitar, Cristo deu a prova definitiva, que havia prometido, de sua autoridade divina [...] cumprimento das promessas do Antigo Testamento e do próprio Jesus durante sua vida terrestre [...] a verdade da divindade de Jesus é confirmada por sua Ressurreição.”(CaIC n. 651-653) É a plenitude da encarnação, da vida de Jesus Cristo e do eterno plano de amor de Deus Pai para salvar a humanidade morta pelo pecado.

Os pais são sempre os primeiros a crer na bondade de seus filhos, porque são os que mais lhes amam. É tremendo o poder e a força do amor. Por isso, é importantíssimo selecionar e cuidar dos nossos amores. Porque aonde nossos amores nos levam, ali mergulhamos de cabeça. Maria de Magdala e as santas mulheres, que vinham terminar de embalsamar o corpo de Jesus, sepultado às pressas, devido à chegada do Sábado, na tarde da Sexta-feira Santa, foram as primeiras a encontrar o Ressuscitado (Lc 24, 1-12; Jo 20, 1-9). Assim as mulheres foram as primeiras mensageiras da Ressurreição de Cristo para os próprios apóstolos. A Maria Madalena se lhe havia perdoado muito, porque havia amado muito; João era o discípulo amado do Senhor, Pedro o que havia negado Jesus diante do ressuscitado declarará também o seu amor ao Senhor. Os três eram discípulos do amor, se nós queremos ressuscitar de nossas imensas travas materiais, se quero viver como pessoa ressuscitada tenho que por em meu corpo as asas do amor ao Cristo Ressuscitado pelo Deus do amor. Maria Madalena foi a primeira a correr ao sepulcro, quando ainda estava escuro o dia e triste e obscura sua alma. Era o amor o que lhe dava luz e asas para levar a seu amado. João correu mais que Pedro que no entanto entrou no túmulo vazio e, enquanto via o sepulcro assim, creu na luz e na vida de seu amado Mestre. Provavelmente, aos cristãos de hoje nos falta mais amor que doutrina. Queremos distinguir-nos pela beleza de nossos ritos, de nossa liturgia, e isto é bom que nossa ação litúrgica seja bela e densa de espiritualidade. Mas, o que, de verdade deve distinguir-nos, cristãos dos não cristãos, é o amor que nós tenhamos uns aos outros e nosso amor a todos os demais, sobretudo aos preferidos de Deus, os mais pobres e necessitados. Nisso conhecerão os outros que somos discípulos do Ressuscitado, aquele que passou pelo mundo fazendo o bem e curando os oprimidos.

Somos pessoas ressuscitadas. Pelo Batismo fomos enxertados na morte e Ressurreição de Cristo. A força e graça deste maravilhoso acontecimento na existência dos cristãos podem e devem traduzir-se de múltiplas maneiras na vida cotidiana. Ressuscitar é tarefa e meta de cada dia. Nossa caminhada pelo mundo é conquistar em cada momento o estado de “ressuscitados” buscando fazer em todo momento a vontade de Deus.

A experiência vital do Cristo Ressuscitado no cristianismo se faz ou não se faz, se tem ou não e a pode fazer qualquer cristão, não pensemos que esta experiência é só para uns poucos místicos. Porém, não posso mandar um representante para que faça a experiência por mim. Esta experiência viva e intensa toca e muda a mentalidade, o estilo de vida, o modo de relacionar-se com os outros, as minhas ações, até o meu caráter. Se você já fez esta experiência do Ressuscitado em sua vida você concordará certamente comigo, se, no entanto, você não a fez, peça ao Senhor que lhe conceda fazê-la o quanto antes. Que melhor dia para se pedir a graça desta experiência que este Domingo de Páscoa?

Pela oração constante fazemos a experiência de ressuscitarmos para a escuta de Deus, a docilidade do Espírito e a comunhão com o Corpo de Cristo, sua Igreja que ora. Fazendo o bem ou dedicando um pouco do nosso tempo livre aos mais frágeis e desamparados, ressuscitamos com Cristo do nosso egoísmo. Quando pedimos ou damos o perdão a quem nos ofendeu, isto é ressuscitar para uma vida nova em Cristo. Ao aceitar com paciência, amor e entrega generosas nossas enfermidades, dores, sofrimentos ou provações, estamos ressuscitando passando da dor para a alegria. Demos testemunho de nossa experiência de fé com o Ressuscitado como Madalena, Pedro e João o fizeram com todos; eles viram o túmulo vazio, creram e testemunharam que Cristo está vivo.



Fonte: Paraíba Online

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SEMANA SANTA - " A grande Semana"

  • Domingo 

Domingo de Ramos


A Semana Santa começa no domingo chamado de Ramos porque celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples que o aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”.
Esse povo tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro de Betânia há poucos dias e estava maravilhado. Ele tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos Profetas; mas esse povo tinha se enganado no tipo de Messias que ele era. Pensavam que fosse um Messias político, libertador social que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.
      Para deixar claro a este povo que ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, mas o grande libertador do pecado, a raiz de todos os males, então, Ele entra na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena. Ele não é um Rei deste mundo!
     Dessa forma o Domingo de Ramos é o início da Semana que mistura os gritos de hosanas com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras. Os ramos significam a vitória: "Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas".
     Os Ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica, especialmente nestes tempos difíceis em que ela é desvalorizada e espezinhada.
     Os Ramos sagrados que levamos para nossas casas após a Missa, lembram-nos que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.
     O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rápido. Ela nos mostra que a nossa pátria não é neste mundo mas na eternidade, que aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda da casa do Pai.
     A Missa do domingo de Ramos traz a narrativa de São Lucas sobre a paixão de Jesus: sua angústia mortal no Horto das Oliveiras, o sangue vertido com o suor, o beijo traiçoeiro de Judas, a prisão, os mau tratos nas mãos do soldados na casa de Anãs, Caifás; seu julgamento iníquo diante de Pilatos, depois, diante de Herodes, sua condenação, o povo a vociferar “crucifica-o, crucifica-o”; as bofetadas, as humilhações, o caminho percorrido até o Calvário, a ajuda do Cirineu, o consolo das santas mulheres, o terrível madeiro da cruz, seu diálogo com o bom ladrão, sua morte e sepultura.
     A entrada "solene" de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de suas dores e humilhações. Aquela mesma multidão que o homenageou motivada por seus milagres, agora lhe vira as costas e muitos pedem a sua morte. Jesus que conhecia o coração dos homens não estava iludido. Quanta falsidade nas atitudes de certas pessoas!

     Quantas lições nos deixam esse domingo de Ramos!
O Mestre nos ensina com fatos e exemplos que o seu Reino de fato não é deste mundo. Que ele não veio para derrubar César e Pilatos, mas veio para derrubar um inimigo muito pior e invisível, o pecado. E para isso é preciso se imolar; aceitar a Paixão, passar pela morte para destruir a morte; perder a vida para ganhá-la.
A muitos ele decepcionou; pensavam que ele fosse escorraçar Pilatos e reimplantar o reinado de Davi e Salomão em Israel; mas ele vem montado em um jumentinho frágil e pobre. Que Messias é este? Que libertador é este? É um farsante! É um enganador, merece a cruz por nos ter iludido. Talvez Judas tenha sido o grande decepcionado.
     O domingo de Ramos ensina-nos que a luta de Cristo e da Igreja, e consequentemente a nossa também, é a luta contra o pecado, a desobediência à Lei sagrada de Deus que hoje é calcada aos pés até mesmo por muitos cristãos que preferem viver um cristianismo "light", adaptado aos seus gostos e interesses e segundo as suas conveniências. Impera como disse Bento XVI, a ditadura do relativismo.
     O domingo de Ramos nos ensina que seguir o Cristo é renunciar a nós mesmos, morrer na terra como o grão de trigo para poder dar fruto, enfrentar os dissabores e ofensas por causa do Evangelho do Senhor. Ele nos arranca das comodidades, das facilidades, para nos colocar diante Daquele que veio ao mundo para salvar este mundo.



Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.



  • Quarta - feira Santa
Procissão do Encontro
Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores
Dentro da Semana Santa, também chamada de “A Grande Semana”, em muitas paróquias, especialmente no interior, realiza-se a famosa “Procissão do Encontro” entre: o Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores.
Os homens saem de uma igreja com a imagem de Nosso Senhor dos Passos e as mulheres saem de outra igreja com Nossa Senhora das Dores. Acontece então o doloroso encontro entre a Mãe e o Filho. O padre, então, proclama o célebre Sermão das Sete Palavras, que na verdade são sete frases:
1. Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. (Lc 23,34 a);
2. Hoje estarás comigo no paraíso. (Lc 23,43);
3. Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe. (Jo 19,26-27);
4. Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?! (Mc 15,34);
5. Tenho sede. (Jo 19,28 b);
6. Tudo está consumado. (Jo 19,30 a);
7. Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. (Lc 23,46 b).
O sacerdote, diante das imagens, faz uma reflexão com estas frases, chamando o povo à conversão e à penitência. O silêncio é grande, já que a imagem de Nosso Senhor dos Passos mostra-o com a cruz às costas.
A expressão dos rostos das imagens é de dor e sofrimento. Algumas imagens de Nossa Senhora das Dores mostram-na abraçada a uma espada, lembrando certamente a profecia de Simeão: “Uma espada de dor te traspassará a alma”.
Quando estive na Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém, fiquei muito emocionado quando vi a imagem de Nossa Senhora das Dores.
No local onde, segundo a tradição, foi colocado Jesus crucificado, tem um buraco no chão. Onde foi colocada a cruz de Jesus, está embaixo um altar. A gente precisa ajoelhar-se para colocar a mão lá dentro. Imagine a emoção...
Só que antes de chegar a este lugar santo, a gente passa em frente à imagem de Nossa Senhora das Dores. Belíssima... Quem a fez conseguiu como que umedecer o seu rosto, e é como se ela estivesse chorando, mas com o rosto sereno. Sofrido, mas sereno. Chorei muito ao contemplá-la.
É tudo isso que vivemos neste tempo de profunda reflexão.
Nossa fé é pascal, passa pelo sofrimento, morte e ressurreição do Senhor.
Sigamos os passos de Jesus, sempre com Maria.

Diácono Nelsinho Corrêa
Mestre de Noviços da Comunidade Canção Nova


  • Quinta - feira Santa

Bênção dos Santos Óleos

Na Quinta-feira Santa, óleo de oliva misturado com perfume (bálsamo) é consagrado pelo Bispo para ser usado nas celebrações do Batismo, Crisma, Unção dos Enfermos e Ordenação.
Sempre que houver celebração com óleo, deve estar à disposição do ministro uma jarra com água, bacia, sabonete e toalha para as mãos.
Não se sabe com precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos litúrgicos.
Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo de Ramos ou no Sábado de Aleluia.
O motivo de se fixar tal celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia em que se celebra a missa antes da Vigília Pascal. São abençoados os seguintes óleos:

Óleo do Crisma - Uma mistura de óleo e bálsamo, significando plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar "o bom perfume de Cristo". É usado no sacramento da Confirmação (Crisma) quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento do sacerdócio, para ungir os "escolhidos" que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.
Óleo dos Catecúmenos - Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.
Óleo dos Enfermos - É usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como "extrema-unção". Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é roxa.



Ceia do Senhor (Lava-pés)

Um momento solene

No 13º capítulo do seu Evangelho, João fala sobre Jesus fraco, pequeno, que terminará sendo condenado e morto na cruz como um blasfemador, um fora da lei ou um criminoso. Até então, Jesus parecia tão forte, havia feito tantos milagres, curado doentes, ordenado que o mar e o vento se acalmassem e falado com autoridade para os escribas e os fariseus.
Ele parecia ser um grande profeta, quem sabe até o Messias. O Deus do poder estava com Ele. Mais e mais pessoas estavam começando a segui-lo, esperavam que Ele os libertasse dos romanos, resgatando assim, a dignidade do povo escolhido. O tempo da páscoa estava próximo. A multidão e os amigos dele pensavam: "Será que Ele vai se revelar na páscoa? Então, todos acreditarão nele." Todos esperavam que algo extraordinário acontecesse. No entanto, em vez de fazer algo fantástico, Jesus tomou o caminho oposto, o da fraqueza, o da humilhação, deixando que os outros o vencessem. Este processo de humilhação teve início quando o Verbo se fez carne no seio da Virgem Maria, e continuou visível para os discípulos no lava-pés. Terminará com a agonia, paixão, crucifixão e morte.
O começo deste capítulo é muito solene: "Antes do dia da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado aos seus, que estavam no mundo, amou-os até ao extremo. Começada a ceia, tendo já o demônio posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, a determinação de o entregar, sabendo que o Pai tinha posto em suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, depôs o manto, e apegando uma toalha cingiu-se com ela." (Jo 13,1-4).
Estas palavras são muito fortes: "Jesus, sabendo que o Pai tinha posto em suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, depôs o manto..." Então, Ele se ajoelhou diante de cada um de seus discípulos e começou a lavar-lhes os pés, em uma atitude de humilhação, fraqueza, súplica e submissão. De joelhos ninguém pode se mover com facilidade nem se defender.
João Batista havia dito que ele não era digno nem de desatar as sandálias de Jesus (Mc 1,7). No entanto, Jesus se ajoelha em frente a cada um de seus discípulos.
Os primeiros cristãos devem ter cantado o mistério de Jesus, que se desfez da sua glória e se fez fraco, como encontramos nas palavras de S. Paulo aos Filipenses: "O qual, existindo na forma (ou natureza) de Deus, não julgou que fosse uma rapina o seu ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens e sendo reconhecido por condição como homem. Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de cruz! (Fl 2,6-8)
Nós estamos frente a um Deus que se torna pequeno e pobre, que desce na escala da promoção humana, que escolhe o último, que assume o lugar de servo ou escravo. De acordo com a tradição judia, o escravo lavava os pés do senhor, e algumas vezes as esposas lavavam os pés do marido ou os filhos lavavam os do pai.

Fonte: Comunidade Shalom


Instituição da Eucaristia

Na véspera da festa da Páscoa, como Jesus sabia que havia chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 12, 1).
Caía a noite sobre o mundo, porque os velhos ritos, os antigos sinais da misericórdia infinita de Deus para com a humanidade iam realizar-se plenamente, abrindo caminho a um verdadeiro amanhecer: a nova Páscoa. A Eucaristia foi instituída durante a noite, preparando antecipadamente a manhã da Ressurreição.
Jesus ficou na Eucaristia por amor..., por ti.
- Ficou, sabendo como O receberiam os homens... e como O recebes tu.
-
Ficou, para que O comas, para que O visites e Lhe contes as tuas coisas e, chegando junto do Sacrário e na recepção do Sacramento te enamores mais de dia para dia, e faças com que outras almas - muitas! - sigam o mesmo caminho.
Menino bom: como os amantes da terra beijam as flores, a carta, a recordação dos que amam!...
E tu? Poderás esquecer-te alguma vez de que O tens a teu lado..., a Ele!? - Esquecerás... que O podes comer?
- Senhor, que eu não torne a voar colado à terra!, que esteja sempre iluminado pelos raios do divino Sol - Cristo - na Eucaristia!, que o meu vôo não se interrompa enquanto não alcançar o descanso do teu Coração!
Santo Rosário, Apêndice, 5º mistério da luz
Comecemos desde já a pedir ao Espírito Santo que nos prepare para podermos entender cada expressão e cada gesto de Jesus Cristo: porque queremos viver vida sobrenatural, porque o Senhor nos manifestou a sua vontade de se dar a cada um de nós em alimento da alma, e porque reconhecemos que só Ele tem palavras de vida eterna.
A fé leva-nos a confessar com Simão Pedro: Nós acreditamos e sabemos que tu és o Cristo, o Filho de Deus. E é essa mesma fé, fundida com a nossa devoção, que nesses momentos transcendentes nos incita a imitar a audácia de João, a aproximar-nos de Jesus e a reclinar a cabeça no peito do Mestre , que amava ardentemente os seus e, como acabamos de ouvir, iria amá-los até o fim.
Tenhamos em mente a experiência tão humana da despedida de duas pessoas que se amam. Desejariam permanecer sempre juntas, mas o dever - seja ele qual for - obriga?as a afastar?se uma da outra. Não podem continuar sem se separarem, como gostariam. Nessas situações, o amor humano, que, por maior que seja, é sempre limitado, recorre a um símbolo: as pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, possivelmente uma fotografia, com uma dedicatória tão ardente que é de admirar que o papel não se queime. Mas não conseguem muito mais, pois o poder das criaturas não vai tão longe quanto o seu querer.
Porém, o Senhor pode o que nós não podemos. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não nos deixa um símbolo, mas a própria realidade: fica Ele mesmo. Irá para o Pai, mas permanecerá com os homens. Não nos deixará um simples presente que nos lembre a sua memória, uma imagem que se dilua com o tempo, como a fotografia que em breve se esvai, amarelece e perde sentido para os que não tenham sido protagonistas daquele momento amoroso. Sob as espécies do pão e do vinho encontra-se o próprio Cristo, realmente presente com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade.
É Cristo que passa, 83
Textos de São Josemaría
 

Transladação do Santíssimo

A transladação do Santíssimo tem notícias históricas desde o século II. Mas o rito da adoração, na quinta-feira santa entrou na Igreja a partir do século XIII e foi difundindo-se até o século XV.
O que mais impulsionou foi a devoção ao Santíssimo Sacramento, a partir da segunda metade do século XIII, época em que o Papa Urbano IV decretou a festa de Corpus Christi para toda a Igreja (em 11 de agosto de 1264).
Foi, portanto, a prática devocional da eucaristia a principal responsável para a adoração ao Santíssimo na quinta-feira santa, após a missa da Ceia do Senhor.
O rito atual é muito simples e tem o seguinte significado: após a oração depois da comunhão, o Santíssimo é transladado solenemente em procissão para uma capela lateral ou para um dos altares laterais da igreja, devidamente preparado para receber o santíssimo.
Antes da transladação, o sacerdote prepara o turíbulo e incensa o Santíssimo três vezes. Depois, realiza-se uma pequena procissão dentro da igreja, que é precedida pelo cruciferário (pessoa que leva a cruz processional), velas e incenso.
Durante a procissão, canta-se o "Pange Lingua", traduzido em português, "Vamos todos...", exceto as duas últimas estrofes, "tantum ergo" (tão sublime sacramento...) que são cantadas depois da chegada da procissão na capela lateral, onde ficará o Santíssimo.
Após a transladação, a comunidade é convidada a permanecer em adoração solene até um horário conveniente. O significado é de ação de graças pela eucaristia e pela salvação que celebramos nestes dias do Tríduo Pascal.



Desnudação do Altar

A desnudação do altar hoje, é um rito prático, com a finalidade de tirar da igreja todas as manifestações de alegria e de festa, como manifestação de um grande e respeitoso silêncio pela Paixão e Morte de Jesus.
A desnudação do altar (denudatio altaris), ou despojamento, como preferem alguns, é um rito antigo, já mencionado por Santo Isidoro no século VII, que fala da desnudação como um gesto que acontecia na quinta-feira santa.
O sacerdote, ajudado por dois ministros, remove as toalhas e os demais ornamentos e enfeites dos altares que ficam assim desnudados até a Vigília Pascal. No antigo rito, durante a desnudação recitava-se um trecho de um salmo. O gesto da desnudação do altar tinha o significado alegórico da nudez com a qual Cristo foi crucificado.
O rito atual é realizado de modo muito simples, após a missa. Feito em silêncio e sem a participação da assembléia. As orientações do Missal Romano pedem que sejam retiradas as toalhas do altar e, se possível, as cruzes da igreja.
Caso isso não seja possível, orienta o Missal que convém velar as cruzes e as imagens que não possam ser retiradas.(Cf. Missal Romano, p. 253, n. 19).
O significado é o silêncio respeitoso da Igreja que faz memória de Jesus que sofre a Paixão e sua morte de Jesus, por isso, despoja-se de tudo o que possa manifestar festa.
 



  • Sexta - feira Santa

Paixão do Senhor

Do Evangelho de S. Marcos 15, 33-34.37.39
"Chegado ao meio-dia,
houve trevas por toda a terra,
até às três da tarde.
Às três horas, Jesus exclamou em alta voz:
"Eloì, Eloì, lema sabactàni?"
que quer dizer:
Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste? (...)
Soltando um grande brado, Jesus expirou. (...)
Ao vê-Lo expirar daquela maneira,
o centurião, que se encontrava em frente d'Ele, exclamou: "Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus".
Eis o agir mais alto, mais sublime do Filho em união com o Pai. Sim, em união, na mais profunda união... precisamente quando grita: "Eloì, Eloì, lema sabactàni?", "Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?" (Mc 15, 34; Mt 27, 46). Este agir exprime-se na verticalidade do corpo estendido ao longo da trave perpendicular da Cruz com a horizontalidade dos braços estendidos ao longo do madeiro transversal. A pessoa que olha estes braços pode pensar com quanto esforço eles abraçam o homem e o mundo. Abraçam.
Eis o homem. Eis o próprio Deus. "N'Ele (...) vivemos, nos movemos e existimos" (Ato 17, 28). N'Ele, nestes braços estendidos ao longo da trave horizontal da Cruz. O mistério da Redenção.
Jesus, pregado na Cruz, imobilizado nesta terrível posição, invoca o Pai (cf. Mc 15, 34; Mt 27, 46; Lc 23, 46). Todas as suas invocações testemunham que Ele está unido com o Pai. "Eu e o Pai somos um" (Jo 10, 30); "Quem Me vê, vê o Pai" (Jo 14, 9); "Meu Pai trabalha continuamente e Eu também trabalho" (Jo 5, 17).


  • Sábado Santo

Vigília Pascal

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.
Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.
O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: "O meu Senhor está no meio de nós". E Cristo respondeu a Adão: "E com teu espírito". E tomando-o pela mão, disse: "Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.
Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: 'Saí!' ; e aos que jaziam nas trevas: 'Vinde para a luz!'; e aos entorpecidos: 'Levantai-vos!'
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos morotos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só é indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim no paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.
Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.
Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.
Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.
Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o meio dos céus preparado para ti desde toda a eternidade".

De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo
Fonte: Liturgia das Horas