sábado, 19 de março de 2011

RETIRO QUARESMAL - 2011


Estamos iniciando a Quaresma. Mais uma oportunidade que a Igreja nos dá, para voltarmos o olhar para nós mesmos, para os nossos semelhantes e para o planeta, e nessas realidades, reconhecermos a presença amorosa e salvífica de Deus.
O tempo da Quaresma nos leva, sobretudo, a fixar o olhar na Páscoa do Senhor. A celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus onde, pela meditação da Palavra, penitência, oração e prática do amor, nos unimos aos sofrimentos do Salvador e às dores da humanidade. Nesse sentido, a celebração da Páscoa, nos compromete com a defesa da vida, uma vez que “toda a criação geme em dores de parto e aguarda ansiosamente a redenção.” (cf. Rm 8,22)
Tudo isso só é possível se estivermos centrados em Deus, num processo contínuo de conversão, pois, Àquele nos amou primeiro, nos garante uma experiência pessoal e íntima da sua pessoa. Vale à pena tentar.
            Para nos ajudar nesse caminho proponho um retiro a partir dos evangelhos de cada dia. O tema que nos iluminará é da carta aos Hebreus 12, 1-3, porque creio que com os olhos fixos em Jesus somos capazes de ver as realidades terrenas de outra maneira e dar respostas aos desafios humanos à luz da fé. A Campanha da Fraternidade deste ano servirá de suporte, pois vale lembrar que foram as atitudes orantes e contemplativas de Jesus que o levaram às ações libertadoras; da oração à ação um único mistério de amor se fez.

Que o Espírito Santo nos conduza nessa experiência de oração e na vivência profunda da Quaresma, como tempo de graça e renovação dos compromissos batismais. Bom retiro!

Método de oração de São Paulo da Cruz que poderá ser usado todos os dias:

1.    Um local tranqüilo e cômodo.
§  Pacificação interior – consciência do corpo – relaxamento/mais ou menos 5 minutos.
§  Sentir-se na presença de Deus.
§  Reavivar a fé na presença e no amor de Deus. Fazer um ato de fé.
§  Reconhecimento dos pecados. Ato de humildade e pedido de perdão dos pecados.
§  Diga a Deus o que você deseja conseguir na oração.
2.    Invocar o Espírito Santo. (oração, mantra, refrão, etc.)
3.    LER O TEXTO BÍBLICO INDICADO PARA O DIA.
§  Ler várias vezes... fixar-se nas palavras...
4.    Imaginar o cenário: ambiente, personagens fisionomia das pessoas...
5.    Entrar na cena, dialogar com os personagens, sobretudo com Cristo.
§  Para ajudar, você poderá fazer perguntas (sugestão de Santa Tereza e de São Paulo da Cruz):  Quem? Como? Quando? Por quê?
6.    Atualizar as palavras de Jesus: O que este texto me pede? O que ele pede á humanidade? Como o amor de Deus se expressa nesse evangelho? Prestar atenção nos sentimentos...
7.    Diga jaculatórias, ex: “Senhor, eu vos agradeço por terdes morrido na cruz pelos meus pecados, por meu amor, meu Jesus misericórdia”. “Maria, minha terna mãe, gravai no meu coração as chagas e Jesus Crucificado”, “Jesus, eu confio em Vós”...
8.    Agradecimentos e propósitos - o que me proponho, diante dos apelos de Deus?
9.    Faça preces pelas necessidades da Igreja e do mundo.
10. Se desejar, anote um versículo, ou escreva uma pequena oração referente ao tema ou algo que te provocou durante a oração.


“É no sagrado deserto interior que a alma aprende a ciência dos santos, como Moisés na profunda solidão do monte Horeb.” (São Paulo da Cruz)


COM OS OLHOS FIXOS EM JESUS – Hb 12, 1-3

CINZAS – Discernimento no olhar.

09/03 – Mt 6, 1-6.16-18: Deus (oração), eu (jejum) e o outro, o meio ambiente, o planeta (esmola).
10/03 – Lc 9, 22-25: Renúncia e cruz.
11/03 – Mt 9, 14-15: O jejum que fortalece.
Sábado: Rezar profundamente Hb 12, 1-3

PRIMEIRA SEMANA – 13/03.  Mt 4, 1-11 - Tentações que afastam o nosso olhar de Jesus.

14/03 – Mt 25, 31-46: Indiferença com o irmão sofredor. “Eras tu, Senhor?”
15/03 – Mt 6, 7-15: Multiplicar palavras... Rezar apenas com os lábios...
16/03 – Lc 11, 29-32: Buscar sinais miraculosos, quando Deus se faz sinal na nossa vida.
17/03 – Mt 7, 7-12: Pedir o desnecessário. “O Pai vos dará o que precisais...”
18/03 – Mt 5, 20-26: Fechar-se ao perdão.

19/03 (Sábado) – Mt 1, 16.18-21.24a: São José manteve o olhar no Menino Deus e na sua Mãe.
Fixe o olhar no Crucifixo e peça ao Senhor a graça de vencer as tentações, como Ele venceu os que buscavam destruir o projeto de vida do Pai. Apresente ao Senhor os frutos da semana.

SEGUNDA SEMANA – 20/03. Mt 17, 1-9 – Com os olhos fixos no Senhor transfigurado,

21/03 – Lc 6, 36-38: Porque Ele é misericordioso.
22/03 – Mt 23, 1-12: Porque sua liderança é serviço.
23/03 – Mt 20, 17-28: Porque seu serviço educa e salva.
24/03 – Lc 16, 19-31: Porque voltou-se para o pobre.
25/03 – Lc 1, 26-38: Porque Ele se fez carne,  e acolhe o SIM dos seus servos.

Sábado: Fixe o olhar na imagem do Coração de Jesus. Visualize a sua glória, glória que se mostra num coração que ama e que por isso está para fora. Apresente ao Senhor os frutos da semana. Conclua com uma oração espontânea, como: Quero viver, Senhor, transfigurado...


TERCEIRA SEMANA – 27/03. Jo 4, 5- 42 – O olhar do Senhor é uma fonte de água viva,

28/03 – Lc 4, 24-30: Capaz de aumentar a nossa fé.
29/03 – Mt 18, 21-35: Capaz de abrir nosso coração ao perdão.
30/03 – Mt 5, 17-19: A nos fortalecer na prática dos mandamentos.
31/03 – Lc 11, 14-23: Que expulsa os demônios.
01/04 – Mc 12, 28-34: Que nos conduz para o maior dos mandamentos.

Sábado: Fixe o olhar numa imagem de Jesus que lembra uma cena bíblica. Apresente ao Senhor os frutos da semana. Conclua com uma oração espontânea, como: Tu és a fonte de água viva...

QUARTA SEMANA – 03/04 – Jo 9, 1- 41. A luz do olhar de Cristo, nos olhos dos pequenos.

04/04 – Jo 4, 43-54: O olhar de Cristo no enfermo.
05/04 – Jo 5, 1-16: O olhar de Cristo no paralítico e nas  paralisias da criação.
06/04 – Jo 5, 17-30: O olhar do Pai e do Filho repousa sobre a humanidade.
07/04 – Jo 5, 31-47: Atingidos pelo olhar de Deus, nos tornamos suas testemunhas.
08/04 – Jo 7, 1-2.10.25-30: O olhar de Cristo naqueles que dão testemunho da verdade.

Sábado: Fixe o olhar em Jesus Crucificado e veja nele alguém que está sofrendo e que você conhece. Traga presente a CF 2011, os gemidos da criação... Reze nestas intenções e apresente ao Senhor os frutos da semana. Conclua com uma oração espontânea, como: Minha luz é Jesus e Jesus me conduz pelos caminhos da paz...

QUINTA SEMANA – 10/04 – Jo 11, 1-45. Ele nos arrancou da escuridão do túmulo, e com seu olhar pede:
11/04 – Jo 8, 1-11: ...para não condenar, mas acolher.
12/04 – Jo 8, 21-30: ...para identificar-se com o “Eu Sou”.
13/04 – Jo 8, 31-42: ...para proclamar a verdade que liberta.
14/04 – Jo 8, 51-59: .... para guardar a Palavra á luz da fé.
15/04 – Jo 10, 31-42: ...fortaleza nas perseguições, por causa do seu nome.

Sábado: Fixe o olhar na natureza. Contemple-a com os olhos do Criador “que viu que tudo era bom.” Escute a criação gemendo em dores de parto, a espera da vida plena. Reze nestas intenções e apresente ao Senhor os frutos da semana. Conclua com uma oração espontânea, como: Senhor, arranca-me as amarras. Quero caminhar sem medo guiado por suas mãos...

SEMANA SANTA - 17/04 – O olhar doloroso, amoroso e glorioso de Jesus:

18/04 – Jo 12, 1-11: Para que eu exale o perfume de Deus.
19/04 – Jo 13, 23-33. 36-38: Para que eu glorifique o Pai, no Filho.
20/04 – Mt 26, 14-25: Para que eu seja fiel.

Pe. Amilton Manoel da Silva, CP

Obs: O retiro deve ser acompanhado de gestos concretos, sobretudo ligados a Campanha da fraternidade, como também a busca do sacramento da penitência. FELIZ E SANTA PÁSCOA!


Com os olhos do coração, visualizemos a esperança e o amor de Deus, que se manifesta na cruz de Cristo.

O Tempo da Quaresma


 O que quer dizer Quaresma?
        A palavra Quaresma vem do latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática data desde o século IV.
        Na quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira (até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive - Diretório da Liturgia - CNBB) da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Os fiéis são convidados a fazerem uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Esta comparação significa um recomeço, um renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal. O cristão deve intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o objetivo de ser uma pessoa melhor e proporcionar o bem para os demais.
        Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa. Assim, retomando questões espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como Cristo. Todas as religiões têm períodos voltados à reflexão, eles fazem parte da disciplina religiosa. Cada doutrina religiosa tem seu calendário específico para seguir. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência.
        Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.
 Qual o significado destes 40 dias?
       Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.
 O que os cristãos devem fazer no tempo de Quaresma?
        A Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade. Não somente durante a Quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o Reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a humanidade. Os cristãos devem então recolher-se para a reflexão para se aproximar de Deus. Esta busca inclui a oração, a penitência e a caridade, esta última como uma conseqüência da penitência. 
 Ainda é costume jejuar durante este tempo?
        Sim, ainda é costume jejuar na Quaresma, ainda que ele seja válido em qualquer época do ano. A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm a mesma função.
        Oficialmente, o jejum deve ser feito pelos cristãos batizados, na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa. Pela lei da igreja, o jejum é obrigatório nesses dois dias para pessoas entre 18 e 60 anos. Porém, podem ser substituídos por outros dias na medida da necessidade individual de cada fiel, e também praticados por crianças e idosos de acordo com suas disponibilidades.
        O jejum, assim como todas as penitências, é visto pela igreja como uma forma de educação no sentido de se privar de algo e reverte-lo em serviços de amor, em práticas de caridade. Os sacrifícios, que podem ser escolhidos livremente, por exemplo: um jovem deixa de mascar chicletes por um mês, e o valor que gastaria nos doces é usado para o bem de alguém necessitado.
 O que é a Campanha da Fraternidade?
        O percurso da Quaresma é acompanhado pela realização da Campanha da Fraternidade – a maior campanha da solidariedade do mundo cristão. Cada ano é contemplado um tema urgente e necessário.
        A Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização que ajuda os cristãos e as pessoas de boa vontade a concretizarem, na prática, a transformação da sociedade a partir de um problema específico, que exige a participação de todos na sua solução. Ela tornou-se tão especial por provocar a renovação da vida da igreja e ao mesmo tempo resolver problemas reais.
        Seus objetivos permanentes são: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor: exigência central do Evangelho. Renovar a consciência da responsabilidade de todos na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.
        Os temas escolhidos são sempre aspectos da realidade sócio-econômico-política do país, marcada pela injustiça, pela exclusão, por índices sempre mais altos de miséria. Os problemas que a Campanha visa ajudar a resolver, se encontram com a fraternidade ferida, e a fé, tem o compromisso de restabelecê-la. A partir do início dos encontros nacionais sobre a CF, em 1971, a escolha de seus temas vem tendo sempre mais ampla participação dos 16 Regionais da CNBB que recolhem sugestões das Dioceses e estas das paróquias e comunidades.
 Como começou a Campanha da Fraternidade?
        Em 1961, três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-la autônoma financeiramente. A atividade foi chamada Campanha da Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal-RN, com adesão de outras três Dioceses e apoio financeiro dos Bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 Dioceses do Nordeste realizaram a campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da Igreja em nosso País.
        Este projeto se tornou nacional no dia 26 de dezembro de 1963, com uma resolução do Concílio Vaticano II, a maior e mais importante reunião da igreja católica. O projeto realizou-se pela primeira vez na quaresma de 1964. Ao longo de quatro anos seguidos, por um período extenso em cada um, os Bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e de diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse contexto, nasceu e cresceu a Campanha da Fraternidade.
 Qual é a relação entre Campanha da Fraternidade e a Quaresma?
        A Campanha da Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e renovação interior a partir da realização da ação comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da Páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e ajuda ao próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de conjunto, visando a transformação das injustiças sociais.
        Desta forma, a Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana, encarnada e principalmente comprometida com as questões específicas de nosso povo, como atividade essencial ligada à Páscoa do Senhor.
 Quais são os rituais e tradições associados com este tempo?
        As celebrações têm início no Domingo de Ramos, ele significa a entrada triunfal de Jesus, o começo da Semana Santa. Os ramos simbolizam a vida do Senhor, ou seja, Domingo de Ramos é entrar na Semana Santa para relembrar aquele momento.
        Depois, celebra-se a Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira santa, conhecida também como o lava pés. Ela celebra Jesus criando a eucaristia, a entrega de Jesus e portanto, o resgate dos pecadores.
        Depois, vem a celebração da Sexta-feira da Paixão, também conhecida como sexta-feira santa, que celebra a morte do Senhor, às 15 horas. Na sexta à noite geralmente é feita uma procissão ou ainda a Via Sacra, que seria a repetição das 14 passagens da vida de Jesus.
        No sábado à noite, o Sábado de Aleluia, é celebrada a Vigília Pascal, também conhecida como a Missa do Fogo. Nela o Círio Pascal é acesso, resultando as cinzas. O significado das cinzas é que do pó viemos e para o pó voltaremos, sinal de conversão e de que nada somos sem Deus. Um símbolo da renovação de um ciclo. Os rituais se encerram no domingo, data da ressurreição de Cristo, com a Missa da Páscoa, que celebra o Cristo vivo.

Fonte: CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
           Arquidiocese de São Paulo - Vicariato da Comunicação

quarta-feira, 9 de março de 2011

O QUE SIGNIFICAM AS CINZAS?

O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e me impondo o cilício e a cinza" (Dn 9,3). No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além de tudo levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas (Jn 3,5-6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento.
O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que recusavam-se a se arrepender de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e as cinzas. (Mt 11,21) A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou a prática do uso das cinzas com o mesmo simbolismo. Em seu livro "De Poenitentia" , Tertuliano (160-220 DC), prescreveu que um penitente deveria "viver sem alegria vestido com um tecido de saco rude e coberto de cinzas". O famoso historiador dos primeiros anos da igreja, Eusébio (260-340 DC), relata em seu livro A História da Igreja, como um apóstata de nome Natalis se apresentou vestido de saco e coberto de cinzas diante do Papa Ceferino, para suplicar-lhe perdão. Sabe-se que num determinado momento existiu uma prática que consistia no sacerdote impor as cinzas em todos aqueles que deviam fazer penitência pública. As cinzas eram colocadas quando o penitente saía do Confessionário.
Já no período medieval, por volta do século VIII, aquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o moribundo com água benta dizendo-lhe: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás". Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o sacerdote perguntava: "Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?" O moribundo então respondia: "Sim, estou de acordo". Se podem apreciar em todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o Senhor e a Sua igreja. Com o passar dos tempos o uso das cinzas foi adotado como sinal do início do tempo da Quaresma; o período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes da Páscoa da Ressurreição. O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era parte do Sacramental Gregoriano. As primeiras edições deste sacramental datam do século VII. Na nossa liturgia atual da Quarta-feira de Cinzas, utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as cinzas e as impõe na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz : "Recorda-te que és pó e em pó te converterás" ou então "Arrepende-te e crede no Evangelho".
Devemos nos preparar para o começo da Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo para examinar nossas ações atuais e passadas e lamentarmo-nos profundamente por nossos pecados. Só assim poderemos voltar nossos corações genuinamente para Nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou pela nossa salvação. Além do mais esse tempo nos serve para renovar nossas promessas batismais, quando morremos para a vida passada e começamos uma nova vida em Cristo.
Finalmente, conscientes que as coisas desse mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a firme esperança no futuro e a plenitude do Céu.

Bênção e imposição das cinzas no início da Quaresma
(Quarta-feira de cinzas)
Aceitando que nos imponham as cinzas, expressamos duas realidades fundamentais:
  1. Somo criaturas mortais; tomar consciência de nossa fragilidade, de inevitável fim de nossa existência terrestre, nos ajuda a avalira melhor os rumos que compete dar à nossa vida: "você é pó, e ao pó voltará" (Gn 3, 19). Somo chamado;
  2. Somos chamados a nos converter ao Evangelho de Jesus e sua proposta do Reino, mudando nossa maneira de ver, pensar, agir.
Muitas comunidades sem padre assumiram esse rito significativo como abertura da quaresma anual, realizando-o numa celebração da Palavras.
Veja mais embasamentos bíblicos sobre as cinzas através das seguintes passagens: (Nm 19; Hb 9,13); como sinal de transitoriedade (Gn 18,27; Jó 30,19). Como sinal de luto (2Sm 13,19; Sl 102,10; Ap 19,19). Como sinal de penitência (Dn 9,3; Mt 11,21). Faça uma pesquisa através de todas estas passagens bíblicas, prestando a atenção ao texto e seu contexto, relacionando com a vida pessoal, comunitária, social e com o rito litúrgico da Quarta-feira de cinzas.

A primeira parte deste texto foi traduzido de um escrito do Padre Saunders que apareceu publicado no Arlington Catholic Herald, em 17 de fevereiro de 1994. O Padre Saunders é Presidente do Instituto Notre Dame para Catequese e Assistente de Pároco na Igreja Rainha dos Apóstolos em Alexandria, Virigina. (Cortesia do Website EWTN, 1998) .A segunda parte foi obtida do opúsculo SÍMBOLOS NA LITURGIA, Ione Buyst, Paulinas, 1998. 

Fonte:   www.mundocatolico.com.br

sexta-feira, 4 de março de 2011

Por que mudam as datas da Páscoa e do Carnaval?


A data da Páscoa é móvel e muda todos os anos; e, em função dela são definidas as outras datas móveis do Calendário.

Os judeus celebravam a Páscoa segundo o que prescreve o livro do Êxodo, no capítulo 12, no dia 14 do mês de Nissan. Era a celebração da libertação da escravidão do Egito para a liberdade da Terra Prometida por Deus a Abraão. A Igreja católica celebra a Páscoa cristã, Ressurreição de Cristo, acompanhando de certa forma a data da Páscoa judaica.

Mas o calendário judeu era baseado na Lua, então a data da Páscoa cristã passou a ser móvel no calendário cristão, assim como as demais datas referentes à Páscoa, tanto na Igreja Católica como nas Igrejas Protestantes e Igrejas Ortodoxas.

O primeiro Concilio geral da Igreja, o de Nicéia, no ano 325, determinou que a Páscoa cristã seria celebrada no domingo seguinte à primeira Lua cheia após o equinócio da primavera do hemisfério Norte (21 de março); podendo ocorrer entre 22 de Março e 25 de Abril.

Em astronomia, equinócio é definido como um dos dois momentos em que o Sol, em sua órbita, vista da Terra, cruza o plano do equador celeste. Os equinócios acontecem em março e setembro, e são as duas ocasiões em que o dia e a noite têm duração igual.

No hemisfério norte o equinócio da primavera ocorre no dia 20 de março, e o equinócio de outono ocorre no dia 23 de setembro. Estas datas marcam o início das respectivas estações do ano neste hemisfério. No hemisfério sul é o contrário, o equinócio da primavera ocorre no dia 23 de setembro, e o equinócio de outono ocorre no 20 de março.

Neste ano (2011) a lua cheia acontece no dia 18 de abril, então a Páscoa será no dia 24 de abril, que é o primeiro domingo após a lua cheia.

A Páscoa é assim um feriado móvel e que serve de referência para outras datas.

As datas móveis que dependem da Páscoa são:
Terça-feira de Carnaval – quarenta e sete dias antes da Páscoa. Por isso a terça-feira de Carnaval neste ano de 2011 será no dia 8 de março.

Quaresma – Inicia na Quarta-feira de cinzas e termina no Domingo de Ramos (uma semana antes da Páscoa).

Sexta-feira Santa – a sexta-feira imediatamente anterior ao Sábado da Solene Vigília Pascal – o sábado de véspera a Pentecostes – o oitavo domingo após a Páscoa.

Corpus Christi ou Corpo de Deus – a quinta-feira imediatamente após o Pentecostes.

Prof. Felipe Aquino
(Fonte)

5º Seminário Nacional de Catequese junto à pessoa com deficiência

Catequese com Pe. Sérgio - Santíssima Trindade